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Mostrando postagens de novembro, 2012

Barquinho de papel (azul)

Hoje sonhei com meu avô  Que tudo preparava para encontrar minha avó  Tudo. Elevadores, espaço, bosque, casa. Tudo que ele achava que precisava. Para encontrá-la e com ela ficar - novamente. Ontem fui dormir triste e acordei feliz com o sonho. Os detalhes se sobrepuseram na memória e a narrativa não tem coesão, coerência, tampouco roteiro. Só um sentimento: amor. Quase no final do sonho ele pegava a viola e começava a tocar música autoral para ela: Barquinho de papel. Enquanto eu, de posse de um papel azul, tentava fazer um origami de barquinho com um pássaro para entregar a ele, quando terminasse de tocar. Mas eu não soube terminar, me perdi entre as dobras. Ele tocara a última estrofe quando o sonho, esse sim, terminou: "Eu ja tava estressado  Com aquele tanto de trabalho Canário é igual a soldado  Se come fora de horário  Pode até não existir" Acordei cantarolando, como moda de viola, me perguntando o que havia de romântico nesta canção. Talvez houvesse nos v...

Desbagunçada desordem.

Há roupas penduradas em todos os lados exalando teu perfume pela casa.  A camisa que não serve mais, esquecida depois da otimização do espaço do guarda roupas, rasgada próximo ao joelho que ficou por ser consertada, mas logo foi substituída por uma mais nova, mais moderna, me fez lembrar da falta de linha na máquina de costura. Há linha branca mas não serve,  a bermuda é preta e ficaria muito óbvio que foi remendada, portanto ela permanecerá esquecida até a linha ser comprada. Há roupas penduradas que me lembram que não preciso organizar o quarto. Esqueceria fácil onde cada peça foi guardada, prefiro assim: tudo ao alcance dos olhos, das mãos, palpáveis peças que me trazem teu perfume, que me fazem enxergar teus olhos, tocar teu sorriso; peças marcadas por tuas mãos, moldes traçados a partir de teu corpo, desenhando tua presença em todo o imóvel, embebedando minha mente com as lembranças não mais somente tuas. 24/11/2012

Ma-mais 5 min...

Tranquila noite que se molda por entre lápis e pincéis. Foram semanas de sorrisos escondidos e alguns escandalizados, mas sem muito a se comemorar, de fato. Não é lá pessimismo, mas uma realidade prática demais, na qual a beleza teima em se esconder, em não ficar visível aos olhos dos que a deseja todos os dias. Não são péssimos dias, mas também não são os mais radiantes. Fica o desejo escondido de noites cegas e beijos mudos, de aconchego, cafuné e preguiça. - Meu bem, o vento está  forte demais, fecha um pouco a janela? - Quer mesmo que eu levante? Tão aconchegante aqui... Fecha ali? Ambos permaneceram ali, parados, deitados sem um movimento que insinuasse um passo. A cama já possuia seus contornos e tão confortáveis como estavam, era impensável levantar. Eram 2h da manhã quando o vento começara a soprar forte e a persiana balançava intensamente, mas não o suficiente para encorajá-los a levantarem-se. Persiana esquecida abaixada já que o vento tinha cessado aquela semana e ...

Tu

Quem és tu quer lê esse texto agora? Estás certo que não poderias ser outro caso a teu lado outro ser se portasse? Tu és personagem de teu convívio e se outros formassem tua família, outros gostos seriam experimentados e tua percepção sobre a vida mudaria o foco. Quem és tu que dança ao vento e se distrai com uma tulipa que desabrocha? Sabes que poderia nem conhecê-la caso houvesse nascido em outro país? Em potencial tu gostarias de tulipas mas jamais saberias da admiração que hoje tens. Conhece-te pelos que te cercam, e se outros fossem... ah jamais poderás responder, afinal não trocaria-os por um reino, não trocaria por ouro aqueles que te fazem gostar de tulipas. Se gostas de torta de morango e teus conviventes saboreiam-na também, tu tendes a saciar a sede ainda mais frequentemente, quando, se tais não gostassem, tua vontade poderia ser sucumbida como um raio que cai sobre a casa perdida no deserto e a destrói para nunca mais voltar. Se a ti é permitido viver segundo teus pen...

Codificado segredo.

Tudo uma vez e de uma em uma, unicamente se faz. Jamais duas. Impensáveis três. Repetir é proibido, voltar é atemporal.        De sete em sete chaves guardei o que alguém um dia disse nunca existir.    Guardei o tempo.    Guardei a lembrança do que ainda, do que nunca, aconteceu. 08-15.05.2012