Barquinho de papel (azul)

Hoje sonhei com meu avô  Que tudo preparava para encontrar minha avó  Tudo. Elevadores, espaço, bosque, casa. Tudo que ele achava que precisava. Para encontrá-la e com ela ficar - novamente. Ontem fui dormir triste e acordei feliz com o sonho. Os detalhes se sobrepuseram na memória e a narrativa não tem coesão, coerência, tampouco roteiro. Só um sentimento: amor. Quase no final do sonho ele pegava a viola e começava a tocar música autoral para ela: Barquinho de papel. Enquanto eu, de posse de um papel azul, tentava fazer um origami de barquinho com um pássaro para entregar a ele, quando terminasse de tocar. Mas eu não soube terminar, me perdi entre as dobras. Ele tocara a última estrofe quando o sonho, esse sim, terminou: "Eu ja tava estressado  Com aquele tanto de trabalho Canário é igual a soldado  Se come fora de horário  Pode até não existir" Acordei cantarolando, como moda de viola, me perguntando o que havia de romântico nesta canção. Talvez houvesse nos v...

Ma-mais 5 min...

Tranquila noite que se molda por entre lápis e pincéis.
Foram semanas de sorrisos escondidos e alguns escandalizados, mas sem muito a se comemorar, de fato. Não é lá pessimismo, mas uma realidade prática demais, na qual a beleza teima em se esconder, em não ficar visível aos olhos dos que a deseja todos os dias. Não são péssimos dias, mas também não são os mais radiantes.
Fica o desejo escondido de noites cegas e beijos mudos, de aconchego, cafuné e preguiça.

- Meu bem, o vento está  forte demais, fecha um pouco a janela?
- Quer mesmo que eu levante? Tão aconchegante aqui... Fecha ali?
Ambos permaneceram ali, parados, deitados sem um movimento que insinuasse um passo. A cama já possuia seus contornos e tão confortáveis como estavam, era impensável levantar. Eram 2h da manhã quando o vento começara a soprar forte e a persiana balançava intensamente, mas não o suficiente para encorajá-los a levantarem-se. Persiana esquecida abaixada já que o vento tinha cessado aquela semana e não poderiam imaginar que sopraria tão intensamente madrugada adentro.
- Amor, estou caída de sono, mal posso abrir os o-o-olhos. 
Entre bocejos, tenta convencê-lo quando é surpreendida por seus braços a entrelaçando, como quem diz decido que não sairá dali tão cedo.
- Golpe baixo.
Ela não sairia dali.
Ela de costas. O vento continuava soprando intensamente. Ele podia sentir o aroma dos cabelos dela, da sua pele enquanto se afundava ainda mais no colchão.
- Amor...
Vencida, ela tenta se levantar quando é impedida pelos braços dele, sobre os seus, não a deixando se mover.
 - Só mais um pouquinho...Você nem quer levantar.
...
2h 30min.
Ela ainda incomodada com o vento demasiado, conclui que ele já dormiu e mais uma vez tenta levantar-se
- Só mais um pouquinho...
Ouve ele balbuciar, antes mesmo de conseguir sentar na cama.
-Eu vou, volto num segundo.
-Mais um pouqui...
Ela vira-se. Ele ainda com o braço sobre o dela, sem tanta força mais. Ela continua a olhá-lo dormir, adormecer do seu lado... Como poderia levantar-se? Deixá-lo ali, se mesmo dormindo a desejava do seu lado, mesmo sem vê-la...
2h35'10''... 
15''... 
20''...
25'' enquanto ela olhava-o ali, afundado, confortável... 
Ela decide se remoldando entre os braços dele:
- Só mais um pouqui-quinho.

10h.


17.11.2012 ~ 1h31min AM

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