Barquinho de papel (azul)

Hoje sonhei com meu avô  Que tudo preparava para encontrar minha avó  Tudo. Elevadores, espaço, bosque, casa. Tudo que ele achava que precisava. Para encontrá-la e com ela ficar - novamente. Ontem fui dormir triste e acordei feliz com o sonho. Os detalhes se sobrepuseram na memória e a narrativa não tem coesão, coerência, tampouco roteiro. Só um sentimento: amor. Quase no final do sonho ele pegava a viola e começava a tocar música autoral para ela: Barquinho de papel. Enquanto eu, de posse de um papel azul, tentava fazer um origami de barquinho com um pássaro para entregar a ele, quando terminasse de tocar. Mas eu não soube terminar, me perdi entre as dobras. Ele tocara a última estrofe quando o sonho, esse sim, terminou: "Eu ja tava estressado  Com aquele tanto de trabalho Canário é igual a soldado  Se come fora de horário  Pode até não existir" Acordei cantarolando, como moda de viola, me perguntando o que havia de romântico nesta canção. Talvez houvesse nos v...

Entre degraus.


Não há luz, passos ou olhares;
Onde não há sustos, barulhos, câmeras, vigias...
apenas a noite entrando pelo basculante translúcido,
apenas os degraus fazendo espiral no concreto, descendo até a G2.

Lugar para dois.

Ar impuro de satisfação, de embriaguez, de tranquilidade;
silêncio rompido por estalos sem propósito, por consequência de algo maior.
Lugar de fuga: permitida e procurada;
do errado que por si só é certo;
sem permissões, permitido sem decreto.
Não há quem faça as regras, sem regras a serem ditas.
Sem infrações, bom senso, preocupações, tempo.
Bom tempo pra pensar no que se quer, no que se deve, no que se faz;
no que resta, no que falta, no que foi.
No que será e no passado ficará;
No que não foi, não se precisa pensar.
Sem penumbra, sem meios ou metades;
apenas a sombra, duas se moldando em uma só.
De pé ou de chão, sem apoio, sem canseira.
Sentados ou não.
Dois seres, dois corpos e um pouco mais além
sem romper o mais.
Nada demais,  de mais tempo, mais de dois.
Apenas um.
De pé, de mão, sentados.
Olhos sem ver; desnecessária luz ausente.
Rompendo, caindo, descendo até...
até não passar, não ultrapassar o chão.
Descendo em espiral até o saguão.
e lá encontrar-se-ão.
No térreo, no piso onde planejavam subir
se acomodar e a sós ficar no

 Décimo Quinto andar.

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