Barquinho de papel (azul)

Hoje sonhei com meu avô  Que tudo preparava para encontrar minha avó  Tudo. Elevadores, espaço, bosque, casa. Tudo que ele achava que precisava. Para encontrá-la e com ela ficar - novamente. Ontem fui dormir triste e acordei feliz com o sonho. Os detalhes se sobrepuseram na memória e a narrativa não tem coesão, coerência, tampouco roteiro. Só um sentimento: amor. Quase no final do sonho ele pegava a viola e começava a tocar música autoral para ela: Barquinho de papel. Enquanto eu, de posse de um papel azul, tentava fazer um origami de barquinho com um pássaro para entregar a ele, quando terminasse de tocar. Mas eu não soube terminar, me perdi entre as dobras. Ele tocara a última estrofe quando o sonho, esse sim, terminou: "Eu ja tava estressado  Com aquele tanto de trabalho Canário é igual a soldado  Se come fora de horário  Pode até não existir" Acordei cantarolando, como moda de viola, me perguntando o que havia de romântico nesta canção. Talvez houvesse nos v...

Rosa dos ventos quebrada

Como quem não sabe seguir o próprio risco, quem muda de direção depois de desenhar uma placa, como quem pinta um sol de azul (querendo transformá-lo em nuvem depois de definir o traçado), fazia de seu poente, o leste.
 No momento cegava-se e deixava-se levar por uma direção falsa e depois, apenas depois se dava conta do que havia feito (do que não havia deixado acontecer).
Sua falta de motivos, seus tortos parâmetros faziam-na se perder por entre o certo e o errado, as definições retas demais a aprisionavam numa redoma desconfortável da qual ela não sabia como sair (quando pensava em sair). Havia não que soava como sim, havia sim que deveria ser não e deixava de haver o que deveria ter sido, vivido para só depois concluir a falta de importância que teria (ou mesmo viver incondicionalmente o bem que nem a mente seria capaz de supor).
Mas sempre desviando das placas, só assim sentia-se segura, só assim se esquivava do que desenhava.
Sempre se convencendo que essa seria a melhor escolha, criando parâmetros, se desligando dos fatos, esquecendo o mundo, (dês)priorizando que poderia ser feliz.
 Complicando o direto, fazendo curva das retas e retificando ciclos, (ir)radian(d)o a dúvida, andava sem saber por onde havia deixado o caminho de migalhas de pão, ou mesmo porque havia escolhido pão num caminho de tantos pombos, sentava-se à sombra de uma laranjeira e começava a ler o que havia de mais irreal e incerto que já havia sido escrito, se convencendo de metáforas, enlouquecendo seus interlocutores desconhecidos de suas leituras mirabolantes.
Por horas, os dias se repetiam.

15/09 (Anterior)

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