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Mostrando postagens de novembro, 2013

Barquinho de papel (azul)

Hoje sonhei com meu avô  Que tudo preparava para encontrar minha avó  Tudo. Elevadores, espaço, bosque, casa. Tudo que ele achava que precisava. Para encontrá-la e com ela ficar - novamente. Ontem fui dormir triste e acordei feliz com o sonho. Os detalhes se sobrepuseram na memória e a narrativa não tem coesão, coerência, tampouco roteiro. Só um sentimento: amor. Quase no final do sonho ele pegava a viola e começava a tocar música autoral para ela: Barquinho de papel. Enquanto eu, de posse de um papel azul, tentava fazer um origami de barquinho com um pássaro para entregar a ele, quando terminasse de tocar. Mas eu não soube terminar, me perdi entre as dobras. Ele tocara a última estrofe quando o sonho, esse sim, terminou: "Eu ja tava estressado  Com aquele tanto de trabalho Canário é igual a soldado  Se come fora de horário  Pode até não existir" Acordei cantarolando, como moda de viola, me perguntando o que havia de romântico nesta canção. Talvez houvesse nos v...

(In) cômodo

Quarto. Era o quarto cesto que ele enchia com suas ideias abortadas de textos mal terminados e pensamentos jogadas ao vento. Era no quarto parágrafo que ele estava quando arrancou aquela folha que agonizante se prendia a sua mão embebida no suor, implorando por misericórdia, implorando para não ir ao fadado destino das anteriores, implorando por uma chance de ser o que ele desejava, mas não adiantou e ainda com mais raiva pela dificuldade de dela se livrar, amassou-a como nenhuma antes e jogou no canto, o mais longe que pôde atirar. Nem o ventilador, nem a obra do prédio ao lado, nem o bebê que pedia atenção conseguiam tirar dele o silêncio que havia em sua mente e transcorria por suas mãos. Tanto tinha sido escrito e nada tinha sido dito que ele se sentia vazio e ao mesmo tempo sufocado por não ter conseguido expressar o que tanto o aborrecia.                                       ...

Paralelo

Talvez esteja presa ao que me prende por anos e faça dessa prisão meu lar; quem sabe não sou eu o carcereiro, o sequestrador a pedir resgate... posso também ser as grades, o chão e o cheiro de urina mijo (do ralo - ouso parafrasear); o afastado quarto de cativeiro que a polícia não consegue encontrar; à favor, contra a justiça (a lei dos homens, ouso corrigir), encontro-me; escondo-me; perco-me nesse lugar há tanto tempo que não sei, ao menos, quando cheguei, como vim parar: Se por um furto qualquer, um um desacato à autoridade desmerecida; Se por um sequestro relâmpago enquanto sonâmbula fazia o percurso diário, como antes disse, não me recordo, apenas acordo todos os dias e vejo os traços na parede, as negociações ao telefone e presumo as lágrimas caindo e rostos sucumbindo do outro lado da linha. Digo ter direito a uma ligação, mas não, dizem-me que não há linha - como não?- penso eu, se há uns instantes havia falatório lá fora... "estás louca, havia silêncio e na...