Barquinho de papel (azul)

Hoje sonhei com meu avô  Que tudo preparava para encontrar minha avó  Tudo. Elevadores, espaço, bosque, casa. Tudo que ele achava que precisava. Para encontrá-la e com ela ficar - novamente. Ontem fui dormir triste e acordei feliz com o sonho. Os detalhes se sobrepuseram na memória e a narrativa não tem coesão, coerência, tampouco roteiro. Só um sentimento: amor. Quase no final do sonho ele pegava a viola e começava a tocar música autoral para ela: Barquinho de papel. Enquanto eu, de posse de um papel azul, tentava fazer um origami de barquinho com um pássaro para entregar a ele, quando terminasse de tocar. Mas eu não soube terminar, me perdi entre as dobras. Ele tocara a última estrofe quando o sonho, esse sim, terminou: "Eu ja tava estressado  Com aquele tanto de trabalho Canário é igual a soldado  Se come fora de horário  Pode até não existir" Acordei cantarolando, como moda de viola, me perguntando o que havia de romântico nesta canção. Talvez houvesse nos v...

(In) cômodo

Quarto. Era o quarto cesto que ele enchia com suas ideias abortadas de textos mal terminados e pensamentos jogadas ao vento. Era no quarto parágrafo que ele estava quando arrancou aquela folha que agonizante se prendia a sua mão embebida no suor, implorando por misericórdia, implorando para não ir ao fadado destino das anteriores, implorando por uma chance de ser o que ele desejava, mas não adiantou e ainda com mais raiva pela dificuldade de dela se livrar, amassou-a como nenhuma antes e jogou no canto, o mais longe que pôde atirar.

Nem o ventilador, nem a obra do prédio ao lado, nem o bebê que pedia atenção conseguiam tirar dele o silêncio que havia em sua mente e transcorria por suas mãos. Tanto tinha sido escrito e nada tinha sido dito que ele se sentia vazio e ao mesmo tempo sufocado por não ter conseguido expressar o que tanto o aborrecia.

                                                                                                       24/11/13

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