Barquinho de papel (azul)

Hoje sonhei com meu avô  Que tudo preparava para encontrar minha avó  Tudo. Elevadores, espaço, bosque, casa. Tudo que ele achava que precisava. Para encontrá-la e com ela ficar - novamente. Ontem fui dormir triste e acordei feliz com o sonho. Os detalhes se sobrepuseram na memória e a narrativa não tem coesão, coerência, tampouco roteiro. Só um sentimento: amor. Quase no final do sonho ele pegava a viola e começava a tocar música autoral para ela: Barquinho de papel. Enquanto eu, de posse de um papel azul, tentava fazer um origami de barquinho com um pássaro para entregar a ele, quando terminasse de tocar. Mas eu não soube terminar, me perdi entre as dobras. Ele tocara a última estrofe quando o sonho, esse sim, terminou: "Eu ja tava estressado  Com aquele tanto de trabalho Canário é igual a soldado  Se come fora de horário  Pode até não existir" Acordei cantarolando, como moda de viola, me perguntando o que havia de romântico nesta canção. Talvez houvesse nos v...

Verticalmente o outdoor não me convence mais.

O mundo está longe de mim, lá na outra esquina,
mãe não sei o que será de mim, sem estar onde todos estão.
Uma dose aqui, outra saideira é o que pedem ao balcão, mas
não caio nessa de bebedeira, não depois de acordar no porão,
depois de não lembrar onde coloquei os sapatos e as chaves,
o relógio e a minha reputação.
Essa vida segue o ritmo dos bem sucedidos, aceitados e os normais
são elogiados em cada esquina, saem na tv, nos jornais,
tão logo nos outdoors, ditam as normas da sociedade:
aprenda como viver, como tornar-se uma celebridade
logo será aceito, como eu fui, podás aqui chegar!
Ôh não desanime, pode ser tão bom, quanto eu, logo estar no meu lugar!
Não, não desistam, esse dia logo irá chegar!
Guarde essas palavras e siga ao pé da letra:
Eu posso ser o melhor, se seguir as normas de etiqueta,
desprezar o mais incomum que há em mim, o estranho e obsoleto,
em favor do mais importante: ser aceito, por mais que insatisfeito - comigo mesmo,
mas para todos os outros ser considerado perfeito.
Interessante tuas palavras, ôh ser do outdoor,
mas por acaso o que tens falado não seria pra te convencer, contigo só?
lá com teu travesseiro,
antes de dormir, baixinho não estaria gritando:
não és este que finge, teu consciente a ti implorando:
antes que seja tarde, abandone o personagem e volte pra teu mundo, tua arte,
o menino de outrora ainda vive em ti, completamente, não só em parte - do teu ser!
Uma vez, que seja, apenas, dê ouvidos, não fuja assim,
trate de te lembrar porque recusou-te a viver teu papel
restou-te apenas aceitar o do outro, que deixou-se empobrecer
ah... como deixam-se facilmente, pelo outros convencer
e não percebem mais que estão de si a perder - de vista.
Seria eu tolo ao querer ser famoso,
querer ser modelo de Botox sorriso,
um perdido no mundo, símbolo do rosto mais bonito,
infeliz com meu ser, ajudando os outros a serem tão quanto,
na esperança de assim encontrar
a esquina onde o mundo (parece) estar.

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