Barquinho de papel (azul)

Hoje sonhei com meu avô  Que tudo preparava para encontrar minha avó  Tudo. Elevadores, espaço, bosque, casa. Tudo que ele achava que precisava. Para encontrá-la e com ela ficar - novamente. Ontem fui dormir triste e acordei feliz com o sonho. Os detalhes se sobrepuseram na memória e a narrativa não tem coesão, coerência, tampouco roteiro. Só um sentimento: amor. Quase no final do sonho ele pegava a viola e começava a tocar música autoral para ela: Barquinho de papel. Enquanto eu, de posse de um papel azul, tentava fazer um origami de barquinho com um pássaro para entregar a ele, quando terminasse de tocar. Mas eu não soube terminar, me perdi entre as dobras. Ele tocara a última estrofe quando o sonho, esse sim, terminou: "Eu ja tava estressado  Com aquele tanto de trabalho Canário é igual a soldado  Se come fora de horário  Pode até não existir" Acordei cantarolando, como moda de viola, me perguntando o que havia de romântico nesta canção. Talvez houvesse nos v...

Hoje faço-me só (desejo).

Acorda que o dia começou
antes mesmo dos teus olhos abrirem,
antes mesmo de se dar conta, tu, que por mais um dia
estás vivo.
Acorda que hoje sou eu escrivã de carta própria
endereçada, explícita, direta.
Artista de tela nua, de pinceis
despidos de vergonha ou rubor.
E tenho a dizer, a pintar, a lembrar que

...

se da pele tua sei o cheiro, hoje verso.
Se da tua boca sei o beijo, hoje escrevo:
no inverso dos lençóis amassados,
no suor do colchão amarrotado,
no silêncio do travesseiro meu jogado ao chão,
no mudo dos teus olhos,
no barulho do meu quarto, tua, minha respiração.
Te desenho:
na cozinha que se faz ausência,
no banheiro que se faz desejo,
na sala que se faz disposição,
no quarto ao lado que se faz inveja.
E te trago, feito cigarro, pra perto do meu peito
onde posso escutar todo o barulho do corpo teu,
e sentir o teu cheiro.
E ser o teu desconforto
ao fazer palpitar teu coração:
de desejo, de suor, 
de cansaço
estasiada, ao teu lado, deito.
26/07/17 

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