Barquinho de papel (azul)

Hoje sonhei com meu avô  Que tudo preparava para encontrar minha avó  Tudo. Elevadores, espaço, bosque, casa. Tudo que ele achava que precisava. Para encontrá-la e com ela ficar - novamente. Ontem fui dormir triste e acordei feliz com o sonho. Os detalhes se sobrepuseram na memória e a narrativa não tem coesão, coerência, tampouco roteiro. Só um sentimento: amor. Quase no final do sonho ele pegava a viola e começava a tocar música autoral para ela: Barquinho de papel. Enquanto eu, de posse de um papel azul, tentava fazer um origami de barquinho com um pássaro para entregar a ele, quando terminasse de tocar. Mas eu não soube terminar, me perdi entre as dobras. Ele tocara a última estrofe quando o sonho, esse sim, terminou: "Eu ja tava estressado  Com aquele tanto de trabalho Canário é igual a soldado  Se come fora de horário  Pode até não existir" Acordei cantarolando, como moda de viola, me perguntando o que havia de romântico nesta canção. Talvez houvesse nos v...

Três

Moço dos olhos distantes, como vai?
Onde te escondes, quem nem em redes sociais
compartilha 8, 16,
quem dirás 32 poses?
Uma só que seja
no fundo da foto de outro
mostrando parte da tua orelha?
Assim fico eu recorrendo à memória,
vaidosa me lembro das três vezes que te vi.
Três.
Mesmo que só te reconheça em duas
(a primeira tu és tipo mancha de verniz)
mas ainda assim são três.
Moço, por que escondes tua voz?
Se falas tão bem de brigadeiros, óleo de coco, batom vermelho e aldeídos;
Camões, Vinicius e café com nescau...
Será que falas de mim? Duvido.
Em verdade, tenho certeza que não.
Porque enquanto tu
te ocupas de outras curvas,
outros olhos,
outros cheiros,
eu, nessa prosa te desenho,
feito romântica de segunda geração 
fujo pro passado,
fazendo dessa noite de novembro,
25 de dezembro.

16/nov

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