Barquinho de papel (azul)

Hoje sonhei com meu avô  Que tudo preparava para encontrar minha avó  Tudo. Elevadores, espaço, bosque, casa. Tudo que ele achava que precisava. Para encontrá-la e com ela ficar - novamente. Ontem fui dormir triste e acordei feliz com o sonho. Os detalhes se sobrepuseram na memória e a narrativa não tem coesão, coerência, tampouco roteiro. Só um sentimento: amor. Quase no final do sonho ele pegava a viola e começava a tocar música autoral para ela: Barquinho de papel. Enquanto eu, de posse de um papel azul, tentava fazer um origami de barquinho com um pássaro para entregar a ele, quando terminasse de tocar. Mas eu não soube terminar, me perdi entre as dobras. Ele tocara a última estrofe quando o sonho, esse sim, terminou: "Eu ja tava estressado  Com aquele tanto de trabalho Canário é igual a soldado  Se come fora de horário  Pode até não existir" Acordei cantarolando, como moda de viola, me perguntando o que havia de romântico nesta canção. Talvez houvesse nos v...

Prazer comportado.

Queria escrever algo que me inspirasse algo maior e o desejo fosse crescendo e por minhas mãos tomando forma até que pudesse ler e duvidar que meus punhos seguraram a pena que criou tal cena. Uma cena, sim, com detalhes e cores, sensações e amores, sabores, odores tudo que há de necessário para sentir, sinestesiar até o fim, até que não haja fim, para não se desejar que acabe, para desejar o amanhã, a eternidade da lua, que a manhã tarde e o Sol tenha preguiça de nascer, para que o amanhã seja tarde, seja longe, seja depois; porque a noite, ela sim será capaz de contar o que tenho a dizer, para que se possa, se queira apenas desejar.

O corpo é necessário, mas seja só de corpo e tu não serás satisfeito.

Já foram cachos, camadas e cascatas.
Já foram cama, lamparina e varanda.
E hoje são apenas tudo de uma só vez,
todo luxo e prazer que emana
de seus corpos não despidos em loucura;
de seus olhos nus a procura
de algo maior que pudessem encontrar,
de algo novo que os levasse a desejar
que a noite permanecesse acesa
longe do dia, do sol e da manhã;
perto do chão, das cadeiras e mesas
quem sabe como recosto, um divã:
confortável e aconchegante
emanando o desejo de saber
o que se passa na cabeça do amante
quando o corpo ferve em prazer
e a alma congela ao perceber
os olhos que encaram os seus,
o medo, a dúvida e as mãos;
o rosto, a fúria e tensão
de quando o jogo está para acabar
o gosto que sabe-se que irá perdurar
até o último ato tocar
quando ao chão vai-se a resposta
e ao início daquela envolvente história,
(da vida ou da morte de alguém)
os dados irão te levar.


Posso acreditar que meus punhos seguraram tal pena,
fica para uma outra noite o desejo concretizar.

                                                                                                                                  17.07.2012

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