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Mostrando postagens de 2017

Barquinho de papel (azul)

Hoje sonhei com meu avô  Que tudo preparava para encontrar minha avó  Tudo. Elevadores, espaço, bosque, casa. Tudo que ele achava que precisava. Para encontrá-la e com ela ficar - novamente. Ontem fui dormir triste e acordei feliz com o sonho. Os detalhes se sobrepuseram na memória e a narrativa não tem coesão, coerência, tampouco roteiro. Só um sentimento: amor. Quase no final do sonho ele pegava a viola e começava a tocar música autoral para ela: Barquinho de papel. Enquanto eu, de posse de um papel azul, tentava fazer um origami de barquinho com um pássaro para entregar a ele, quando terminasse de tocar. Mas eu não soube terminar, me perdi entre as dobras. Ele tocara a última estrofe quando o sonho, esse sim, terminou: "Eu ja tava estressado  Com aquele tanto de trabalho Canário é igual a soldado  Se come fora de horário  Pode até não existir" Acordei cantarolando, como moda de viola, me perguntando o que havia de romântico nesta canção. Talvez houvesse nos v...

Três

Moço dos olhos distantes, como vai? Onde te escondes, quem nem em redes sociais compartilha 8, 16, quem dirás 32 poses? Uma só que seja no fundo da foto de outro mostrando parte da tua orelha? Assim fico eu recorrendo à memória, vaidosa me lembro das três vezes que te vi. Três. Mesmo que só te reconheça em duas (a primeira tu és tipo mancha de verniz) mas ainda assim são três. Moço, por que escondes tua voz? Se falas tão bem de brigadeiros, óleo de coco, batom vermelho e aldeídos; Camões, Vinicius e café com nescau... Será que falas de mim? Duvido. Em verdade, tenho certeza que não. Porque enquanto tu te ocupas de outras curvas, outros olhos, outros cheiros, eu, nessa prosa te desenho, feito romântica de segunda geração  fujo pro passado, fazendo dessa noite de novembro, 25 de dezembro. 16/nov

Analistagem

Quem muito teme errar, corre o risco de nunca saber o que é o acerto.

E ai, qual vai ser?

E se eu te disser que teu sonho já aconteceu? É, já. Tua casa tá pronta desde o dia que tu soube como ela é. No momento que ela veio à tua mente e de imetiado o sininho tocou, ela apareceu, lá no fim da estrada de tijolos amarelos. E... não, não há como ser impossível de ser construída porque ela já foi. Passado. Em mais pleno, direto e claro Pretérito Perfeito do Indicativo. Ai eu te pergunto: Vai correr para chegar até ela ou vai perder teu tempo em outros caminhos que te levam ao nada? Vai gastar toda tua única vida, única chance levando nas costas outra pessoa pra casa que ela construiu ou... vai parar de se esconder, de reclamar do dedo do pé que nasceu torto e vai correr, caminhar não, correr pra chegar na casa que tu construiu e é tua por direito? E ai, qual vai ser? Estrada de tilojos amarelos Ou... Burro de carga dos sonhos alheios por pura preguiça de ser feliz? ...

Sendo Lírico, Eu

Quando o mundo vai entender que ser Eu Lírico pode ser se vestir do outro? Quando o sujeito não sabe como dizer, a gente se veste, se despe, se pinta e se enfeita pra alcançar a alma, pra sair do nosso corpo e assim enxergar o que o outro sente. É sobre empatia, amor e palavras. É sobre desejo e vontade de escrever. É quando a vida da gente fica pequena e o coração aperta e o outro transborda tanto que por um momento a gente quer se afogar e brincar de beber nem que seja uma gota da história outra que nunca vamos viver. Ser Eu Lírico é ser mais que Eu, por um momento. É ser livre do verbo, do sujeito, do artigo, oblíquo ou não. E ainda assim, pedir de empréstimo alguns vocábulos, e extravasar a alma, até outra alcançar.

Desencontro

Sendo moça de poucos amores, ela não sabe onde procurar em memória sua, qual o gatilho usar, pra lidar com história essa de nem mesmo conseguir respirar quando a ver passar. Incessantemente busca por uma experiência antes vivida, uma atitude antes tomada, mas em vista da frustração decide fechar os olhos e imaginar o que agora fará. Desenha, projeta, articula tudo. Enquanto andarilhos sem sorte procuram nos olhos dela desejo. Insistem. Iludem-se. E ficam. Permanecem olhando para ela, conversam. Enquanto ela deles surda, muda e cega, ainda projeta, articula e desenha. De corpo presente. De mente viajante De dúvida constante: Como conquistar aquela que dela, tirou o fôlego.

Quando se vai embora antes mesmo de chegar

Pra não sentir saudade E de novo morrer Nem me permiti. Antes mesmo de te ter De te querer Fingi Matar a vontade em garrafa sem nome, nem apreço E assim já sei que não te mereço Pois por medo e covardia Nos braços da solidão me deitei E fiquei E dormi E acordei E em viola minha cantei A tristeza do dia que nasce sem ti E se põe Só pra Lua me dizer Que foi Pra não sentir saudade Que me perdi De ti (amar)

Sendo prosaica

Como poderia eu não me render a tal pedido, se Isso que me traz inspiração Uma palavra, sem verso nem rima Mais pra um texto feito prosa E sem sentido definido Nem mesmo alguma métrica aparece Tanto que só me resta falar: Até mais... hoje não sei escrever

Sobre resgate

Imagem
Se um dia a palavra te faltar, o medo invadir, alguém te calar... Se o dia sucumbir à baixo dos teus olhos, bem em baixo do teu nariz: Não os culpe, não se culpe, não faça escultura da culpa. Não se entregue. Não entregue as cartas, os reis, rainhas e valetes ainda irão te servir. 05/03/015

Hoje faço-me só (desejo).

Acorda que o dia começou antes mesmo dos teus olhos abrirem, antes mesmo de se dar conta, tu, que por mais um dia estás vivo. Acorda que hoje sou eu escrivã de carta própria endereçada, explícita, direta. Artista de tela nua, de pinceis despidos de vergonha ou rubor. E tenho a dizer, a pintar, a lembrar que ... se da pele tua sei o cheiro, hoje verso. Se da tua boca sei o beijo, hoje escrevo: no inverso dos lençóis amassados, no suor do colchão amarrotado, no silêncio do travesseiro meu jogado ao chão, no mudo dos teus olhos, no barulho do meu quarto, tua, minha respiração. Te desenho: na cozinha que se faz ausência, no banheiro que se faz desejo, na sala que se faz disposição, no quarto ao lado que se faz inveja. E te trago, feito cigarro, pra perto do meu peito onde posso escutar todo o barulho do corpo teu, e sentir o teu cheiro. E ser o teu desconforto ao fazer palpitar teu coração: de desejo, de suor,  de cansaço e...

Não te vá, não me deixa ir, de ti.

Como te colocar em fadado transporte sem sorte esse, pra nunca mais te ter de volta? Sem nunca mais te acessar, em memória? "De volta", como (?) sei, se nunca te tive "de vir"... Mas te tirar da mente e expulsar toda inspiração que me traz não parece o certo a fazer. Esquecer é fora de questão. De quisito. Não cogitado. Deixar pra trás,  pra aliviar espaço, pra quem (?) vier, mas... Se pra trás chover? E em tempestade desafortunada assim tu te afogar? E sofrer? E morrer de mim, em tu, assim que aos poucos morreres em mim, tu... Só de pensar não durmo. Só de pensar não sonho. Só de pens... Desisto de pensar. Desisto de te deixar partir. Seja de barco, navio ou canoa.

Sobre foco e ponteiros quebrados

Quantas horas cabem no teu olhar quando meus olhos encontram os teus? Os ponteiros feito amnesia esquecem de andar. O tempo congelado já não passa. Tudo a nossa volta para. Feito tela de galeria. Feito tinta e papel. Feito fotografia tirada em momento exato: Quando meus olhos brincando de espelho decidem se libertar do trabalho de todo dia e não querendo fazer mais nada, apenas refletem os teus. Por horas... a fio.

Fazendo de refrão, prosa

"Adeus querida Que Deus te guarde Da maldade do mundo, das lágrimas de sal Adeus meu bem, meu mundo é melhor Mesmo com a dor de um triste final" (...) Versos antigos se reiventam e tomam sentidos diversos pra diversos corações além... ... do mais às vezes escrever pro outro é mais fácil do que afundar na própria bagunça interior.

Intermitente estado

Vestida de moral em conflito, despida de certeza e solidão, vejo a vida feito prosa e a verdade feito lampejo daquele que acaba antes do último suspiro, como a estrada que muda à cada curva, como o espelho que reflete diferente imagem quando nele distinta feição encara seu (fadado) destino.

Sobre ser o teu amanhã perfeito, hoje.

Não te afliges, pequena menina De tão poucos anos e tanto aperto no peito Não te culpas por sentir demais Se é o coração feito pra dar vida a tua alma. Sorri, grande mulher E vê em espelho teu o reflexo de quem queres ser amanhã Seja hoje o teu amanhã perfeito Seja feito prosa, poema ou canção Quem sabe, ainda, um soneto Pra quando a vida metrificar Que ainda assim seja possível Expressar todo teu amor (guardado) Por um alguém ou vários Seja amigo ou amante De uma noite ou alguns anos Porque o tempo, menina, já é relativo E só depende dos olhos teus A maneira que (a vida) tu desejas Enxergar. 18/06

Memórias feito prosa

De tantos em tantos tempos de constante transição; entre cachos feitos e cortados,  desfeitos à mão. Seria essa vida então construída (de) lamparinas, varandas e ampulhetas, sono, socorro e entrelinhas, de um alguns versos ainda não escritos [Por sorte (e) por espera do tempo que ainda vem] de folhas ainda em branco esperando da areia que estar por cair lembranças ainda mais intensas daquelas que na memória fazem morada.

Louco

Adj. m. Aquele que vive como se não houvesse amanhã, aceitando o risco de haver.

Por hoje

Por hoje decidi que não mais uma noite de só prazer ocupe toda minha semana. Decidi que o tempo no meu quarto, cabelos umidos e coração seco é pouco. Decidi por menos adeus quando a manhã acorda e mais pelo que o coração almeja, seja lá o que for. Decidi que o tempo pode durar mais ou menos, mas que há de haver sentimento nos momentos de companhia. Decidi saber mais Querer mais Conhecer mais Gente. Que o cheiro do meu travesseiro é precioso e não há espaço pra quem eu decida não querer.

Dia desses

No teu corpo fiz morada dia desses Fiz barulho, bagunça e surdez Te fiz mudo, no mundo do meu quarto fiz um trato Comigo mesma e contigo sem que soubesse Dia desses minhas paredes calaram-se segredo E meu travesseiro se recusou ao chão Meu lençol se embebiu em teu cheiro Tua pele fez suar meu colchão Mas dia desses não é pra todo poente Todo Solstício, equinócio ou verão É pra folhinha dos dias guardados Sem chaves, quem dirás sete Sem vestes De colo quente: memórias 01/02/17

Mais um ano de presente

Feita de água do mar beijada pelo Sol, ela encanta do mais distraído ao mais preparado dos marinheiros que por descuido encontre seus olhos, que por audácia ache que é imune a seu canto,  por inexperiência de não conhecê-la. Menina moleca de batom vermelho. Amiga pras horas, minutos e tortas de chocolate, coxinhas e sequilhos. Pra quando amargam os ponteiros, abrem-se as comportas de choro, desespera-se a alma, ela traz colo, sossego e sinceridade. Traz potes de tempero e mel, guardados na gaveta até hoje. Traz dias de moradia, de adoção, de lápis de cor. Leva um pedaço quando vai, pra gente ir visitar. Traz Deus no coração, a alma enfeitada e os olhos grandes e negros. Traz mais um ano de vida, de presente pra gente. Que sejam muitos outros mais pra que quando a saudade vier visitar, a gente possa ir lá buscar o pedacinho que ela levou.