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Mostrando postagens de junho, 2013

Barquinho de papel (azul)

Hoje sonhei com meu avô  Que tudo preparava para encontrar minha avó  Tudo. Elevadores, espaço, bosque, casa. Tudo que ele achava que precisava. Para encontrá-la e com ela ficar - novamente. Ontem fui dormir triste e acordei feliz com o sonho. Os detalhes se sobrepuseram na memória e a narrativa não tem coesão, coerência, tampouco roteiro. Só um sentimento: amor. Quase no final do sonho ele pegava a viola e começava a tocar música autoral para ela: Barquinho de papel. Enquanto eu, de posse de um papel azul, tentava fazer um origami de barquinho com um pássaro para entregar a ele, quando terminasse de tocar. Mas eu não soube terminar, me perdi entre as dobras. Ele tocara a última estrofe quando o sonho, esse sim, terminou: "Eu ja tava estressado  Com aquele tanto de trabalho Canário é igual a soldado  Se come fora de horário  Pode até não existir" Acordei cantarolando, como moda de viola, me perguntando o que havia de romântico nesta canção. Talvez houvesse nos v...

eufórico baile à chuva

Um texto começa de onde a vida vem: inspiração ... seja do tipo Peter Pan e sua "Terra do Nunca" , seja do tipo de um pedido bem real, daqueles que seguidos  por um simples sim expulsam lágrimas dos olhos que não suportam mais tanta emoção e portanto dividem-na com o rosto, daqueles (pedidos) que o outro rosto igualmente ansioso junta-se ao primeiro banhando-se com suas lágrimas, deleitando-se com o desejo tão esperado; invejadas, as lágrimas destes olhos também saem para descobrir o porquê da euforia lá fora e juntam-se à cascata, descem pelas maçãs, dividem-se entre as maçãs dos rostos ainda colados, banham as bocas - cada uma, ainda, de um lado - escorrem para os ombros, braços entrelaçados e todo o corpo desejoso do mesmo anseio chora junto à elas, sorri junto aos lábios, as mãos que se sentem distantes da euforia vão às bochechas, chegam perto, banham-se e quando já bêbadas permitem aos olhos novamente enxergarem o que se passa, os ombros descolam-se, os braços desentr...

Desejo de Roska

Frustra-se com sua inquietação. Apaixona-se com sua inquietação. A paixão é frustrante o quanto é saborosa, ele perde-se por entre os dois sem querer deixar uma por desejar o gosto que a outra tem. Difícil e envolvente, deixa-se ser apaixonada enquanto se mantém aquém, enquanto não se envolve no que desperta, longe, perto pra ele, distante pra ela. Ele deseja-a, ele decide o desejo dela pela ausência do seu não , ela se mantém afastada com a  ausência do seu próprio sim . Ela não limita as palavras (de ambos) pois não suportaria "o que não foi dito além", não entende que seu mundo é distante do de quem a quer, e no mundo dele a negação do não é  sim , que não se argumenta com "eu não disse sim." As palavras pra ele não precisam ser ditas, ela joga os dados e enxerga exatamente os números; ela é intensa até na dúvida que desperta, por mais que consigo esteja certa da decisão tomada. Ele se confunde, não conhece suas armas. À mesa, do restaurante fino, depois...

Oração

Tropeço nas palavras que não encontro, antes eu podia escrever por qualquer coisa e hoje qualquer coisa não consigo escrever. Que seja um estágio, fase ou momento, momentaneamente se faça e logo se vá, que não dure, que não perdure, que fique obsoleto, desmanche e se perca no tempo longe de mim, bem longe; que a (des)inspiração de mim se esqueça e me abandone.  Que flores e cascatas, tortas e relógios, xícaras de café voltem a me embebedar. Amém.

Cuide daqui

Bata à  porta Entre por si só e fique se quiser (Enquanto quiser) Sente-se, beba, coma e adormeça. Assista tv, tome banho e permaneça. Abra as janelas, tem suco na geladeira. O café está pronto, o almoço e o jantar, mas arrume a casa se desejar ficar. Limpe a louça, o banheiro e o tapete, quando cansar, jogue-se na rede. Cuide bem daqui e não terás porque ir embora; terás abrigo, terás à mim.