Barquinho de papel (azul)

Hoje sonhei com meu avô  Que tudo preparava para encontrar minha avó  Tudo. Elevadores, espaço, bosque, casa. Tudo que ele achava que precisava. Para encontrá-la e com ela ficar - novamente. Ontem fui dormir triste e acordei feliz com o sonho. Os detalhes se sobrepuseram na memória e a narrativa não tem coesão, coerência, tampouco roteiro. Só um sentimento: amor. Quase no final do sonho ele pegava a viola e começava a tocar música autoral para ela: Barquinho de papel. Enquanto eu, de posse de um papel azul, tentava fazer um origami de barquinho com um pássaro para entregar a ele, quando terminasse de tocar. Mas eu não soube terminar, me perdi entre as dobras. Ele tocara a última estrofe quando o sonho, esse sim, terminou: "Eu ja tava estressado  Com aquele tanto de trabalho Canário é igual a soldado  Se come fora de horário  Pode até não existir" Acordei cantarolando, como moda de viola, me perguntando o que havia de romântico nesta canção. Talvez houvesse nos v...

Desejo de Roska

Frustra-se com sua inquietação.
Apaixona-se com sua inquietação.
A paixão é frustrante o quanto é saborosa, ele perde-se por entre os dois sem querer deixar uma por desejar o gosto que a outra tem.
Difícil e envolvente, deixa-se ser apaixonada enquanto se mantém aquém, enquanto não se envolve no que desperta, longe, perto pra ele, distante pra ela.
Ele deseja-a, ele decide o desejo dela pela ausência do seu não, ela se mantém afastada com a  ausência do seu próprio sim.
Ela não limita as palavras (de ambos) pois não suportaria "o que não foi dito além", não entende que seu mundo é distante do de quem a quer, e no mundo dele a negação do não é sim, que não se argumenta com "eu não disse sim."
As palavras pra ele não precisam ser ditas, ela joga os dados e enxerga exatamente os números; ela é intensa até na dúvida que desperta, por mais que consigo esteja certa da decisão tomada.
Ele se confunde, não conhece suas armas.
À mesa, do restaurante fino, depois do convite feito,
ela oferece taças, mas a champanhe falta;
ele lhe traria a mais doce, mas ela preferiria roska;
ele não sabe o que fazer, ela levanta e pede no balcão, sem dizer que não quer ser servida por ele (sem dizer não); ele pede apenas uma champanhe.
Ele puxa a cadeira, ela agradece, vaidosa, mas seu sorriso não é desejo por ele, o que o confunde e o faz se perguntar: "Será seu batom, seus olhos, seu cabelo... Será seu sorriso, seu olhar,  seu suor que provoca meus sentidos?"
Não sabe responder, não chega a uma conclusão, enquanto ela continua a sorrir, enquanto continua a exalar o que lhe embebeda e dizer o que ele deseja ouvir. 
Novamente perde-se por entre as dúvidas... "será mesmo ela ali? ou apenas finge estar?" 
...
mas quando se dá conta, apenas a conta sobre a mesa. "uma champanhe" acompanhada do valor.
Sem perfume, sem suor. Sem presença. Sem roska.
Será que por horas esteve mais perto do que supostamente se convenceu? Estaria ele desacompanhado durante toda aquela taça, aquela noite?
Ou será, ainda, que a desenhou tão bem que se convenceu de seus traços?
Mesmo na manhã seguinte, ele suporá que não...
enquanto ela, em seu travesseiro, ainda brigando com o Sol que invade seu quarto, se espreguiçará lembrando de sua noite passada, lembrando da roska que tomava na varanda com seu imaginário acompanhante, seu amor eterno para sempre até amanhã.
30-31/10/2012

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

O tempo que leva (enquanto provamos)

Um direito

Acabou pra ser