Barquinho de papel (azul)

Hoje sonhei com meu avô  Que tudo preparava para encontrar minha avó  Tudo. Elevadores, espaço, bosque, casa. Tudo que ele achava que precisava. Para encontrá-la e com ela ficar - novamente. Ontem fui dormir triste e acordei feliz com o sonho. Os detalhes se sobrepuseram na memória e a narrativa não tem coesão, coerência, tampouco roteiro. Só um sentimento: amor. Quase no final do sonho ele pegava a viola e começava a tocar música autoral para ela: Barquinho de papel. Enquanto eu, de posse de um papel azul, tentava fazer um origami de barquinho com um pássaro para entregar a ele, quando terminasse de tocar. Mas eu não soube terminar, me perdi entre as dobras. Ele tocara a última estrofe quando o sonho, esse sim, terminou: "Eu ja tava estressado  Com aquele tanto de trabalho Canário é igual a soldado  Se come fora de horário  Pode até não existir" Acordei cantarolando, como moda de viola, me perguntando o que havia de romântico nesta canção. Talvez houvesse nos v...

Branco nº 2.


    Como não podia deixar de fazer jus ao dia, andei pela cozinha, pelo quarto... Mas foi mesmo na varanda, no suporte da lamparina que enconterei:

“- Roube-me um beijo.
(...)
Ele se aproxima, olha fixamente, pensa no pescoço, lembra-se da advertência, decide pelos ombros, chega mais perto, deixa sua respiração tocá-la, torna olhá-la, sua respiração cada vez mais próxima, ele pode sentir o hálito dela, ela pode ouvir os batimentos dele, ela fecha os olhos, um milhão de coisas pela cabeça dele, suas mãos antes nos ombros dela agora sobem para nuca, ele fecha os olhos-ainda pode vê-la- a ansiedade a toma- Ele conseguirá?- Ele treme, ele abre os olhos, ele recua. Ela não sente mais a respiração dele. Ela não sente mais as mãos dele em sua nuca. Ela abre os olhos. Ela o avista. Ela não entende. O Silêncio também não palpita. Ele pega o guardanapo na mesa e começa a mexer, amassá-lo, talvez. Ela se refaz e admite o fracasso de seu aluno. Ele estende as mãos: Uma rosa e um papel escrito. Ela recebe e não enxerga mais nada. Percebe os traços. Olha para o lado: Uma cadeira vazia.
(...)
Desculpe, não posso. Talvez um dia diga que a amo. Talvez um dia entregue uma rosa e fuja para não encarar seus olhos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O tempo que leva (enquanto provamos)

Um direito

Acabou pra ser