Barquinho de papel (azul)

Hoje sonhei com meu avô  Que tudo preparava para encontrar minha avó  Tudo. Elevadores, espaço, bosque, casa. Tudo que ele achava que precisava. Para encontrá-la e com ela ficar - novamente. Ontem fui dormir triste e acordei feliz com o sonho. Os detalhes se sobrepuseram na memória e a narrativa não tem coesão, coerência, tampouco roteiro. Só um sentimento: amor. Quase no final do sonho ele pegava a viola e começava a tocar música autoral para ela: Barquinho de papel. Enquanto eu, de posse de um papel azul, tentava fazer um origami de barquinho com um pássaro para entregar a ele, quando terminasse de tocar. Mas eu não soube terminar, me perdi entre as dobras. Ele tocara a última estrofe quando o sonho, esse sim, terminou: "Eu ja tava estressado  Com aquele tanto de trabalho Canário é igual a soldado  Se come fora de horário  Pode até não existir" Acordei cantarolando, como moda de viola, me perguntando o que havia de romântico nesta canção. Talvez houvesse nos v...

Ponteiros: Mais uma sobre o tempo.

Do tempo eu vim, tu vieste e pro futuro nós fomos.
Do futuro que ficou no imperfeito, sobraram palavras incompletas e algo por conjugar num outro futuro que ainda não passou.
Agora presente, indissociável passado e entrelaçado futuro, estamos aqui.
Estou e tu estás de fronte a caminhos novos sem marcas no chão. De costas para as folhas caídas do outono que se foi.
E se o vento da recente primavera traz novas folhas até ti, tu deves cuidar delas com zelo, se de fato não machucarem tuas mãos.
Nunca soube quais as flores mais bonitas da primavera. Deveria ter subido em mais árvores e explorado mais campos. Mas num futuro que era pretérito, ao mesmo tempo, ficou o desejo não concretizado e no presente não há a lembrança.
Por não entender como as flores podiam crescer depois de meses de frio, não senti seus perfumes.
Não pude, não poderia, em hora passada, acreditar que sentindo eu entenderia. Deveria acontecer o contrário: Entender e depois apreciar e como a ordem não foi respeitada, por detrás do vidro da janela eu permaneci, sem ir lá fora, sem deixar a chuva limpar minhas lentes, sem enxergar plenamente.
Sei que do lado da copa da árvore diariamente eu passava e o passado se tornava presente, o que seria  futuro no dia seguinte. Passava à baixo do sol escaldando minha pele, meus olhos desprotegidos de seus raios.
A chuva, por vezes, parecia indicar algo, como um sinal de trânsito oferecendo passagem, como um oráculo oferecendo uma chance  para planos diante do que ocorreria.

Talvez faltou sabedoria.
Talvez sobraram entrelinhas.
Não sei e ao menos soube.

Um dia não precisarei entender.
Apenas apreciarei.

A armadura desmanchará e não estarei mais tão vulnerável.

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