Barquinho de papel (azul)

Hoje sonhei com meu avô  Que tudo preparava para encontrar minha avó  Tudo. Elevadores, espaço, bosque, casa. Tudo que ele achava que precisava. Para encontrá-la e com ela ficar - novamente. Ontem fui dormir triste e acordei feliz com o sonho. Os detalhes se sobrepuseram na memória e a narrativa não tem coesão, coerência, tampouco roteiro. Só um sentimento: amor. Quase no final do sonho ele pegava a viola e começava a tocar música autoral para ela: Barquinho de papel. Enquanto eu, de posse de um papel azul, tentava fazer um origami de barquinho com um pássaro para entregar a ele, quando terminasse de tocar. Mas eu não soube terminar, me perdi entre as dobras. Ele tocara a última estrofe quando o sonho, esse sim, terminou: "Eu ja tava estressado  Com aquele tanto de trabalho Canário é igual a soldado  Se come fora de horário  Pode até não existir" Acordei cantarolando, como moda de viola, me perguntando o que havia de romântico nesta canção. Talvez houvesse nos v...

Brincadeiras do relógio.

Abre os olhos. Alguns passos à dentro. Bate a porta. Um único barulho. Voltou a sentir o hálito dela, seus lábios. Nem mesmo o morango mordido fazia mais parte de seu campo visual. Nada mais além daquele imenso universo de sensações. A reciprocidade se fez. As luzes foram apagadas. Tudo parecia mais claro agora. Ele entendia. Ela respondia. Eles conversavam.
Acordou como quem levanta por culpa de um sonho bom. Não fazia ideia das horas. Tudo parecia tão recente. Tudo parecia tão eterno. Olhou para o lado procurando um vazio inexistente. Um vazio conhecido, costumeiro, porém, inexistente naquela manhã. Ainda tonto, decide por esfregar os olhos e bocejar até acordar de fato e conceber a realidade da felicidade presente.
Avistou morangos ao nível de seus pés, não se lembrava deles ali. Mas não importava a origem, estavam ali e bastava. Alcançou-os. Trouxe para si. Um cafuné prolongado. Um bocejo. Espreguiçada – Bom dia!- um sorriso. Dois sorrisos, agora. Por terceiro apenas um, como dois, mas apenas um se fez.
Pareciam horas. Pareciam segundos, como uma câmera lenta que acelera tudo. Devagar por desejar cada minuto. Veloz pelo tempo não respeitar esse desejo e correr até não mais poder ser alcançado. Como quem deseja eternizar aquele momento, como quem sente um poder incrível retira, como um tolo, as baterias do relógio. Jamais seria um Deus. Mas não importava, não haveria horas para limitar o que sentia. Voltou a não enxergar mais um palmo a sua frente.
                                                                                                                                                         04/12/11

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