Barquinho de papel (azul)

Hoje sonhei com meu avô  Que tudo preparava para encontrar minha avó  Tudo. Elevadores, espaço, bosque, casa. Tudo que ele achava que precisava. Para encontrá-la e com ela ficar - novamente. Ontem fui dormir triste e acordei feliz com o sonho. Os detalhes se sobrepuseram na memória e a narrativa não tem coesão, coerência, tampouco roteiro. Só um sentimento: amor. Quase no final do sonho ele pegava a viola e começava a tocar música autoral para ela: Barquinho de papel. Enquanto eu, de posse de um papel azul, tentava fazer um origami de barquinho com um pássaro para entregar a ele, quando terminasse de tocar. Mas eu não soube terminar, me perdi entre as dobras. Ele tocara a última estrofe quando o sonho, esse sim, terminou: "Eu ja tava estressado  Com aquele tanto de trabalho Canário é igual a soldado  Se come fora de horário  Pode até não existir" Acordei cantarolando, como moda de viola, me perguntando o que havia de romântico nesta canção. Talvez houvesse nos v...

Fez-se despertar.


Pode-se dizer que ela sentia-se determinada a ajudá-lo.
Ele destrambelhado; ela com as maçãs suspensas não querendo sorrir.
Ela determinada. Por amizade, afinal se ele gostava de sua amada ela poderia ajudá-lo, por que não?
Ele tenta se aproximar... Expansivo demais, ela o reprime.
- Não a conquistará sendo tão invasivo, seja calmo e intenso.
- Como?
- Seja ousado, surpreenda-a, mas não a afaste. Seja interessante, não dê todas as cartas.
Ele tenta um olhar fatal.
- Você quer ser engraçado ou encantá-la?
- Poxa...
- Roube-me um beijo.
- Como?
Ele não acredita em seus ouvidos.
- Tente um beijo meu.
Ele se convence do que ouviu; ela se convence que ele não conseguirá.
Ele se aproxima, olha fixamente, pensa no pescoço, lembra-se da advertência, decide pelos ombros, chega mais perto, deixa sua respiração tocá-la, torna olhá-la, sua respiração cada vez mais próxima, ele pode sentir o hálito dela, ela pode ouvir os batimentos dele, ela fecha os olhos, um milhão de coisas pela cabeça dele, suas mãos antes nos ombros dela agora sobem para nuca, ele fecha os olhos-ainda pode vê-la- a ansiedade a toma- Ele conseguirá?- Ele treme, ele abre os olhos, ele recua. Ela não sente mais a respiração dele. Ela não sente mais as mãos dele em sua nuca. Ela abre os olhos. Ela o avista. Ela não entende. O Silêncio também não palpita. Ele pega o guardanapo na mesa e começa a mexer, amassá-lo, talvez. Ela se refaz e admite o fracasso de seu aluno. Ele estende as mãos: Uma rosa e um papel escrito. Ela recebe e não enxerga mais nada. Percebe os traços. Olha para o lado: Uma cadeira vazia.
- Para onde ele terá ido?
Ela tenta descobrir. Não ouviu passos, nem a cadeira arrastando. Estava com os olhos fixos no guardanapo “amassado”. Ela encontra os rabiscos: “Desculpe, não posso. Talvez um dia diga que a amo. Talvez um dia entregue uma rosa e fuja para não encarar seus olhos.”.
Não há falas, reclamações ou mesmo uma indagação. Nada se ouve na sacada onde eles se encontravam. Um rubor, um olhar perdido. Sem sussurros.
27/09 - 18/10 – 20/10 – 17/11

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